Os Avós são um tesouro
São os primeiros a chegar à maternidade e reconhecem de imediato qualquer
parecença familiar. Seguram com confiança a fragilidade de um recém-nascido e adormecem birras de sono como mais ninguém. São avós. Andam
de mãos dadas pelos passeios. Ficam quietos à beira mar, enquanto as ondas
molham pés pequeninos. Compram aquele gelado, limpam os joelhos feridos
em brincadeiras de rua, dão o banho ao final do dia, à espera dos pais que
hão-de chegar. São avós.
Reparam que é preciso comprar sapatos novos, descobrem qual o brinquedo
sonhado e dizem adeus, com os olhos molhados, quando recebem abraços
demorados nas despedidas. Mais tarde, ouvem em silêncio as queixas, as
dúvidas e os sobressaltos. Compensam em amor as ausências, as zangas, as
dificuldades de pais ocupados, de vidas separadas. Conhecem os primeiros
namorados, ajudam a pagar as despesas das escolas e aquela viagem tão
desejada. São avós.
Emocionam-se com etapas vencidas, com os estudos terminados.
Preocupam-se com os fracassos, acendem velas em dias de exame, rezam
pelos seus netos. Criam laços que não conhecem limites, que não reparam na
aparência das coisas, mas que se focam na disponibilidade total, no amor
incondicional. Os avós sustentam a vida das famílias, não só porque muitas
vezes permitem a sobrevivência ou algum desafogo, mas porque são as raízes
de tantas vidas. Contam as histórias de cada passado, ajudam a perceber a
diferença entre essencial e supérfluo.
Os avós são testemunho concreto e real de outros tempos, tantas vezes
marcados por dificuldades, lutas e carências. E quando o contam, sentados à
mesa em almoços de domingo ou felizes com uma visita inesperada,
transformam histórias antigas em lições de vida. E quem os escuta com mais
atenção são os mais novos, encantados com as aventuras passadas em terras
distantes ou a descrição cuidada de uma casa, de um passeio, de umas férias.
Os avós são um tesouro.
Neste tempo que vivemos, precisamos de o dizer de forma clara, de o
defender de forma assertiva. E os tesouros são protegidos, tocados com
cuidado e admiração. Uma sociedade que não protege, não cuida, não admira
os mais velhos, está condenada ao fracasso. Porque tal como a natureza nasce
e renasce, tal como a semente cresce e é lançada à terra, assim a vida corre e
decorre. Quem é cuidado será capaz de cuidar. Quem aprende será capaz de
ensinar. Quem é protegido será capaz de proteger. Quem é amado será capaz
de amar.
Os avós são um tesouro? Se pudéssemos fazer a pergunta a Jesus Menino, se
pudéssemos ouvir Nossa Senhora a falar-nos de Seu Pai, São Joaquim, ou de
Sua Mãe, Santa Ana, talvez percebêssemos melhor a verdade deste tesouro.
Aparentemente não podemos e sabemos tão pouco sobre estes Avós…, mas
no nosso coração podemos escutar o que Jesus tem para nos dizer. E talvez,
talvez sintamos a vontade de correr para os braços de um avô velhinho, de
uma avó sozinha. Ou de rezar por quem já partiu. Ou de contar a um filho, a
uma neta, a história dos avós, dos bisavós, de todos os que nos deram a vida.
Os avós são um tesouro.
O DIA DOS AVÓS é uma oportunidade para dar graças, abraçar e celebrar
a presença dos Avós no passado e no presente, ir às próprias raízes e
descobrir neles a ternura e o amor de Deus.
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